Alimentação para o paciente em cuidados paliativos Manter uma dieta balanceada e rica em nutrientes é importante em todas as fases da vida, mas quando o indivíduo está passando por um tratamento oncológico ou sendo acompanhado com profissionais que atuam com os cuidados paliativos, os cuidados com a alimentação devem ser ainda mais rigorosos. A …
Alimentação para o paciente em cuidados paliativos
Manter uma dieta balanceada e rica em nutrientes é importante em todas as fases da vida, mas quando o indivíduo está passando por um tratamento oncológico ou sendo acompanhado com profissionais que atuam com os cuidados paliativos, os cuidados com a alimentação devem ser ainda mais rigorosos. A perda de peso e a desnutrição estão presentes em pacientes com tumores de estômago, esôfago e pâncreas, casos em que a desnutrição atinge cerca de 80% dos pacientes. Já em tumores de intestino grosso há registro de 50% de casos com desnutrição e 40% de mulheres com câncer de mama apresentam redução no peso.
O cirurgião oncológico e especialista em Terapia Nutricional e Nutrição Clínica do Valencis Curitiba Hospice, Vinicius Basso Preti, explica que os cuidados nutricionais para os pacientes paliativos dependerão da fase em que o tratamento se encontra. “Cuidados paliativos não são apenas no final da vida, mas sim quando o paciente tem tumor avançado ou metastático. Se ele estiver em fase de tratamento muitas vezes é necessário utilizar suplementos, que podem ser na forma de pós, que são misturados com comida, ou na forma de shakes prontos. Pacientes em final de vida devem ter sua alimentação mais voltada para o alívio dos sintomas e para seus próprios desejos. Por exemplo, pacientes com feridas na boca se beneficiam de alimentos frios e liquidificados.”
Individualidade do paciente
A dieta na fase final de vida não possui a necessidade de oferecer toda a caloria que o paciente precisa, uma vez que a dieta é voltada para não causar desconforto, como nos casos de tumor de estômago, onde não há grande aceitação de alimentos. No entanto, é fundamental lembrar que cada paciente deve ser analisado separadamente, podendo inclusive consumir os pratos que mais gosta. “Cada caso deve ser individualizado. Se o prato que mais gostava é de difícil digestão e o trato digestivo não está como era anteriormente, a dieta pode causar desconforto para o paciente. Mas existem formas de se adequar a dieta e chegar mais próximo do que o paciente gostava. Não existe nenhuma contraindicação absoluta a qualquer tipo de alimento e muitas vezes o alimento feito em casa ou aquele que o paciente mais gosta é um alivio emocional nesta fase da vida”, expõe o nutrólogo.
Também existem casos em que a falta de apetite também deve ser vista com cautela. Ao final da vida, especialmente na semana anterior ao óbito, a perda de apetite é um acontecimento natural. Muitas vezes insistir para que o paciente coma pode causar problemas de digestão, náuseas e vômitos. “Claro que é uma angústia para o familiar ver que o paciente não está mais comendo, mas comer na fase final da vida não vai alterar o dia do óbito do paciente. É muito importante estabelecer com o oncologista em qual fase o paciente se encontra e quais são os benefícios reais de se continuar um tratamento. Geralmente, o corpo de um paciente com câncer dá sinais antes que algo não vai bem e está caminhando para a terminalidade. Temos que sempre ver as preferências do paciente, como está o processo digestivo, a mastigação, o seu desejo de não querer comer mais. Isso é um direito do paciente. Sondas e nutrições venosas não têm indicação ao final da vida”, destaca Vinicius Basso Preti.