O câncer é a segunda principal causa de mortes no Brasil, com uma previsão de 625 mil novos casos da doença neste ano, sendo os de maior incidência os de pele não melanoma, mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago, e nos próximos anos a proporção deve aumentar. Considerada uma doença crônica e progressiva, …
O câncer é a segunda principal causa de mortes no Brasil, com uma previsão de 625 mil novos casos da doença neste ano, sendo os de maior incidência os de pele não melanoma, mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago, e nos próximos anos a proporção deve aumentar.
Considerada uma doença crônica e progressiva, quando não há possibilidade de cura, é preciso amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Diante desse contexto, a prática paliativa deve ser incorporada ao dia a dia do paciente, trazendo alívio e conforto não somente para a dor física, mas também a emocional, focando principalmente no bem-estar geral dos pacientes.
“Cada dia mais desenvolvemos cuidados singulares voltados aos pacientes oncológicos, como, por exemplo, o incansável controle da dor, que se torna fundamental para garantir os padrões de vida essenciais durante todo o tratamento, visto a sua capacidade de alterar as funções vitais quando presente. Esse e outros controles associados ao adequado manejo dos sintomas é o que direciona a nossa assistência para além das técnicas, com enfoque na manutenção da qualidade de vida e bem-estar dos nossos pacientes’’, cita Sabrina Nunes Garcia, diretora de Enfermagem do Valencis Curitiba Hospice, espaço dedicado a cuidados paliativos.
Principais cuidados
Controle da dor
A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável que ocorre em diferentes graus de intensidade e que pode limitar as capacidades e habilidades de uma pessoa, interferindo na manutenção das suas atividades rotineiras.
O seu controle pode ser realizado através de medidas farmacológicas (medicamentos como analgésicos, anti-inflamatórios, opioides, antidepressivos e corticoides), como também por medidas não farmacológicas (sobreposição de calor no local da dor, se possível, com o auxílio de bolsas térmicas, alterações de decúbito, uso de travesseiros para melhor posicionamento, restrição de luminosidade, ruídos). Além dessas, existem também as terapias integrativas que promovem o controle da dor.
Dispneia
É uma experiência subjetiva de desconforto respiratório, comumente chamada de falta de ar ou de dificuldade para respirar. Tende a aumentar na medida em que a doença avança ou quando existem complicações pulmonares.
Para o seu controle, são realizados tratamentos medicamentosos, associados ou não ao uso de oxigênio, porém devendo sempre estarem associados ao correto posicionamento no leito (cabeça mais elevada que os pés), o que facilita a troca gasosa pulmonar.
Tosse
A tosse pode estar presente em 50% dos pacientes com câncer avançado e em 80% das neoplasias broncopulmonares. Os tipos de tosse são caracterizados por persistente, isolada, seca, úmida e produtiva ou úmida e não produtiva.
Para seu controle são realizados tratamentos medicamentosos, associados à hidratação oral e inalação em muitos casos.
Anorexia
É caracterizada pela ingestão insuficiente de nutrientes ocasionada pela capacidade reduzida de comer normalmente. Pode causar desidratação, acarretando em agitação, confusão, dentre outros sinais e sintomas.
Para seu tratamento poderão ser utilizados medicamentos, hidratação oral, intravenosa e/ou hipodermóclise, além da indicação de suporte nutricional enteral, parenteral e /ou suplementos alimentares. Por esse motivo, é importante consultar e ser acompanhado por um nutrólogo e/ou nutricionista.
Astenia/fadiga
É um dos sintomas mais frequentes nos doentes em cuidados paliativos, sendo relatada em 80% dos pacientes oncológicos. Caracterizada pela sensação de desgaste, cansaço e falta de energia, ocasionando debilidade generalizada. Ela reduz, ao longo de tempo, a capacidade funcional dos pacientes.
Para seu controle são realizados tratamentos medicamentosos, porém incentiva-se a realização de atividades físicas para restabelecimento das suas funcionalidades.
Náuseas e vômitos
Sintomas comumente observados nos pacientes oncológicos que se referem à sensação ou o ato propriamente dito de expelir o conteúdo gástrico pela boca. Podem ser causados por medicamentos, estase gástrica, obstrução intestinal, aumento da pressão intracraniana e até mesmo pela sensação de dor.
Para seu controle são realizados tratamentos medicamentosos, porém algumas preferências alimentares também poderão ser indicadas, além de alguns tratamentos comportamentais incentivados, como relaxamento e meditação.
Constipação intestinal
É a alteração do funcionamento do intestino caracterizada por uma frequência menor que 3 evacuações por semana. É um sintoma frequente e recorrente em pacientes oncológicos, muitas vezes secundários às terapias de suporte.
Para seu tratamento poderão ser utilizados medicamentos, além do direcionamento da dieta, incentivo à prática de atividades físicas e aumento do consumo de líquidos.
Depressão
É definida pelo sentimento de tristeza profunda, perda do ânimo e oscilações de humor, que costuma aumentar com a evolução da doença. Pode provocar alterações no sono, irritabilidade, baixa estima.
Para o seu tratamento poderão ser utilizados medicamentos, porém a consulta e acompanhamento com o psicólogo é fundamental para que a prática da escuta ativa possa ser realizada.