Especialista explica que descarregar carga emocional envolvida ajuda a diminuir o sofrimento. Em determinados momentos da vida, existem situações em que há reações mais esperadas, como a alegria de uma mãe ao ver os primeiros passos do seu filho ou a tristeza ao encarar a morte de uma pessoa próxima. No entanto, independentemente se são …
Especialista explica que descarregar carga emocional envolvida ajuda a diminuir o sofrimento.
Em determinados momentos da vida, existem situações em que há reações mais esperadas, como a alegria de uma mãe ao ver os primeiros passos do seu filho ou a tristeza ao encarar a morte de uma pessoa próxima. No entanto, independentemente se são positivas ou negativas, ambas continuam sendo emoções, formas de expressar aquilo que está sendo sentido e vivenciado, seja em uma situação boa ou ruim. emoções
“Por que ao ver uma pessoa sorrindo não queremos que ela pare de expressar essa emoção, mas temos a tendência de pedir para aquele que chora que cesse o choro?”, questiona o psicólogo do Valencis Curitiba Hospice, Ronny Kurashiki. “Essa reflexão é muito importante quando pensamos em como lidar com as emoções negativas, pois se partimos do princípio de que tanto as positivas quanto as negativas são expressões de como a pessoa está se sentindo, entendemos que a forma de lidar com uma não é tão diferente da outra”.
Nos cuidados paliativos e na filosofia hospice de cuidado é fundamental a validação dos sentimentos e emoções apresentadas pelo paciente e pela família. Isso porque entende-se que em um processo de passagem por uma doença que ameace a vida, expressar aquilo que se sente pode potencializar a construção de um enfrentamento saudável.
“Quando um paciente ou familiar sente-se triste, desolado ou sem esperanças, falar é sempre a melhor opção. É preciso que ele encontre na equipe ou em outro familiar a possibilidade de escuta e acolhimento de suas emoções sem julgamento”, explica Ronny Kurashiki.
Para o psicólogo, falas que são comuns quando uma pessoa está em sofrimento emocional, como “não chore, vai passar”, “vai dar tudo certo no final”, “tem gente passando por coisas piores” podem ser pouco empáticas e gerar uma sensação de desvalorização dos sentimentos por parte da pessoa entristecida, funcionando como um tamponar dessas expressões. “Isso pode levar a um acúmulo da carga emocional que, por sua vez, pode gerar quadros mais graves de sofrimento psíquico”, elucida o psicólogo.
Nesses casos é muito mais eficaz uma postura que permita a expressão das reações emocionais, em vez evitá-las logo de cara. Não se trata de negar que sentir uma emoção negativa ou estar junto a alguém que a esteja sentindo pode ser angustiante, mas mesmo que pouco possa ser feito para mudar a situação em si ou mesmo aquilo que a pessoa está sentindo, é possível demonstrar afeto e que, apesar das dificuldades e dessas emoções negativas, ela não está sozinha.
“Estudos na área da psicologia têm demonstrado que quando é permitido ao sujeito realizar essas expressões das emoções negativas, a tendência é que pelo descarregar da carga emocional envolvida, o sofrimento diminua. No entanto, não é possível descartar a necessidade de um tratamento profissional, como um acompanhamento psicoterápico ou psiquiátrico, em casos em que os sintomas sejam mais intensos e que a pessoa esteja apresentando claras dificuldades de lidar com as emoções”, finaliza.
Fonte: Revista VIVER Curitiba