Cuidados paliativos representam uma abordagem holística de assistência, liderada por uma equipe multidisciplinar, com o propósito de melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus entes queridos diante de doenças potencialmente fatais. Isso é alcançado por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificação precoce, avaliação meticulosa e tratamento de dor, além de …
Cuidados paliativos representam uma abordagem holística de assistência, liderada por uma equipe multidisciplinar, com o propósito de melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus entes queridos diante de doenças potencialmente fatais. Isso é alcançado por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificação precoce, avaliação meticulosa e tratamento de dor, além de abordar outros sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. Este conceito é adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para descrever o paliativismo.
No entanto, apesar da necessidade de cuidados paliativos abranger aproximadamente 40 milhões de pessoas, com 20 milhões delas já no fim da vida, apenas cerca de 10% desses pacientes recebem a assistência adequada para alívio da dor e controle dos sintomas de doenças crônicas. Essa constatação é destacada no Atlas Global de Cuidados Paliativos na Terminalidade da Vida, uma colaboração entre a OMS e a organização não governamental Worldwide Palliative Care Alliance (WPCA). Muitas vezes mal compreendidos, os cuidados paliativos estão se tornando uma parte fundamental da assistência médica moderna, oferecendo apoio físico, emocional e espiritual a pacientes e suas famílias.
Para falar um pouco desse tema, já que no segundo sábado de outubro, comemora-se o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos, ouvimos a cirurgiã oncológica do IOP – Instituto de Oncologia do Paraná, Dra. Clarice Yamanouchi – CRM – 16252 RQE – 11561 e 33307.
O que são cuidados paliativos?
Os cuidados paliativos são uma abordagem abrangente de atendimento médico que se concentra em aliviar o sofrimento e melhorar o dia a dia de pacientes que enfrentam doenças crônicas, graves ou terminais. Diferentemente do que muitos acreditam, eles não significam desistir do tratamento, mas sim, integrar o tratamento com um suporte que visa abordar a pessoa como um todo.
Como os cuidados paliativos são realizados?
Os cuidados paliativos envolvem uma equipe multidisciplinar ou multiprofissional de profissionais de saúde, que trabalham em conjunto para atender às necessidades físicas, emocionais e espirituais do paciente. O foco está no alívio dos sintomas, no controle da dor, na melhoria da qualidade de vida e no apoio emocional para o paciente e sua família. Além disso, os cuidados paliativos se estendem além do ambiente hospitalar. Eles podem ser administrados em casa, em lares de repouso ou em unidades de cuidados paliativos dedicadas, dependendo das necessidades individuais do paciente.
Desmistificando os Cuidados Paliativos
Não, não é o mesmo que “desistir”. Uma ideia comum equivocada sobre os cuidados paliativos é que eles significam abandonar o tratamento. Pelo contrário, esses cuidados são complementares e podem ser administrados em conjunto com tratamentos curativos ou prolongadores de vida. Melhorando assim, a qualidade de vida dos pacientes e familiares. Os cuidados paliativos se concentram em proporcionar conforto, alívio da dor e apoio emocional, permitindo que os pacientes desfrutem de uma melhor qualidade de vida, mesmo em situações de saúde complexas.
Além de cuidar do paciente, os cuidados paliativos também fornecem suporte e orientação às famílias, ajudando-as a enfrentar os desafios emocionais e práticos associados à doença grave de um ente querido. Mesmo sendo a única certeza que temos em vida, não é fácil lidar com a finitude, ainda mais de alguém que amamos. E esse processo de acolhimento faz parte dos cuidados paliativos.
Há ainda o outro lado da história, e para isso falamos com Maria Laisa B S Cavalheiro, paciente do IOP, que compartilhou sua jornada com uma visão inspiradora e corajosa: “Em 2012, aos 46 anos, descobri que tinha câncer. Essa doença, não escolhe idade, raça ou religião. Com o diagnóstico, me vi diante de uma encruzilhada, mas decidi encarar o desafio com esperança e determinação. Meu câncer primário era no cólon, com metástases nos pulmões, peritônio, ossos e mediastino. Apesar das mais de 100 quimioterapias, cirurgias e dores físicas e emocionais, eu não permiti que a doença definisse quem eu sou. Ao longo da minha jornada, realizei sonhos, viajei, presenciei momentos importantes na vida dos meus filhos e neto, e até fui batizada como ‘Deusa da Celebração’ pelas minhas amigas paliativas. Apesar das dificuldades, aprendi a encontrar alegria nas pequenas coisas”, conta.
Maria Laisa descobriu a importância dos cuidados paliativos ao perceber que era uma paciente paliativa. No entanto, muitos médicos evitam usar essa terminologia com medo de assustar os pacientes. Mas ela decidiu falar abertamente sobre o tema e hoje além de paciente, tornou-se uma defensora dos cuidados paliativos, compartilhando a jornada nas redes sociais, promovendo a conscientização sobre o câncer e desmistificando os cuidados paliativos. “Minha vida é um lembrete de que é possível viver com a doença e encontrar alegria, significado e propósito a cada dia. Lembrando que o câncer não define quem somos, minha jornada é um testemunho de coragem, resiliência e fé. Eu escolho celebrar a vida todos os dias, e convido todos a fazerem o mesmo. Sigam minha jornada no Instagram @vidaavivida, onde mostro que há ‘vida apesar do câncer’ e que os cuidados paliativos são uma parte fundamental desse caminho”, concluiu.
Vale a pena ainda destacar que os cuidados paliativos consideram a pessoa como um todo, abordando não apenas as questões físicas, mas também as necessidades emocionais, sociais e espirituais. O estigma que costumava cercar os cuidados paliativos está sendo gradualmente substituído pela compreensão de que essa abordagem é essencial para garantir que os pacientes enfrentem suas condições com dignidade e bem-estar. É importante que o público em geral e os profissionais de saúde estejam cientes dessa evolução nos cuidados de saúde, para que mais pessoas possam se beneficiar dos cuidados paliativos quando necessário.
À medida que a conscientização sobre os cuidados paliativos cresce, esperamos que mais pessoas recebam o suporte de que precisam em momentos de doença grave, permitindo que vivam com dignidade e qualidade de vida.