As expectativas do paciente em cuidados paliativos

Equipe multidisciplinar ajuda paciente a lidar com as emoções para maior benefício do tratamento Quando um paciente está em cuidados paliativos, são muitos os sentimentos que podem surgir e que exercerão influências tanto no processo de enfrentamento dele como de sua família. Isso porque em nossa cultura não faz parte do cotidiano falar e pensar …

Equipe multidisciplinar ajuda paciente a lidar com as emoções para maior benefício do tratamento

Quando um paciente está em cuidados paliativos, são muitos os sentimentos que podem surgir e que exercerão influências tanto no processo de enfrentamento dele como de sua família. Isso porque em nossa cultura não faz parte do cotidiano falar e pensar sobre o adoecimento e final de vida, a morte segue sendo um tabu.

“Em termos práticos isso significa que a morte e os momentos que a antecedem são estranhos às pessoas de modo geral e quando se fazem presentes podem suscitar uma série de fantasias”, explica o psicólogo do Valencis Curitiba Hospice, Ronny Kurashiki. “Normalmente é isso que se faz frente a uma situação desconhecida, tenta-se atribuir um significado que permita explicá-la, pois isso gerará uma sensação de controle e de segurança, mesmo que a situação em si seja inevitável. Esse processo maginativo pode ocorrer de forma adaptativa ou não, e a partir daqui se pode pensar acerca das expectativas, pois elas estão circunscritas nesse contexto”, complementa.

Uma das definições do dicionário para a palavra expectativa é: situação de quem espera um acontecimento em tempo anunciado ou conhecido, que julga de provável realização. A partir disso é possível compreender que a expectativa pode surgir em relação às coisas positivas e/ou negativas.

“Percebo que quando o paciente não se sente seguro em relação aos procedimentos, às expectativas tendem a se apresentar de forma mais intensa e ligadas a possíveis pioras. Isso faz com que o paciente se sinta em permanente estado de desconforto psicológico, que, por sua vez, ao longo do tempo, pode causar um importante desgaste emocional”, relata o psicólogo. “No entanto, o inverso também se mostra verdadeiro, quando o paciente se sente seguro, conhece e concorda com os procedimentos a serem realizados, recebe as informações na quantidade e qualidade em que ele solicita e tem seus sentimentos e emoções acolhidos pela equipe e família, as expectativas, de modo geral, ligam-se a situações mais positivas e adaptativas.”

O psicólogo Ronny explica que nestes casos é como se a energia psíquica do paciente não precisasse ser usada mais no modo defensivo, podendo ser investida em outras situações como quando o paciente tem grandes expectativas pela visita de um familiar específico, da melhora de um sintoma, de despedir-se, entre outras. É preciso evidenciar que em alguns casos haverá a necessidade de um manejo específico do profissional psicólogo em relação a essas demandas, principalmente quando as expectativas se tornarem fonte de grande sofrimento psíquico. E talvez este seja um dos grandes desafios quando se pensa nesse assunto, para saber a hora de solicitar ajuda especializada, mas a resposta pode ser mais simples do que parece.

“A princípio, como em tantas outras questões envolvidas no adoecimento e tratamento do paciente, a família se torna essencial, pois provavelmente serão os primeiros a entrar em contato com as dificuldades apresentadas pelo paciente. Será ele próprio que dará as diretivas de manejo, mas a família estará em contato e poderá ajudá-lo a pensar e a decidir se é necessária uma abordagem diferenciada”, finaliza o especialista.

 

Fonte: Revista VIVER Curitiba

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