O papel dos Cuidados Paliativos durante a pandemia COVID-19 O mundo vive um momento delicado em razão da crise provocada pelo novo coronavírus, causador da COVID-19. Essa pandemia se reflete em diversas áreas e é nesse exato momento que não se pode esquecer que, apesar de estarmos vivenciando um período de emergência, com as internações …
O papel dos Cuidados Paliativos durante a pandemia COVID-19
O mundo vive um momento delicado em razão da crise provocada pelo novo coronavírus, causador da COVID-19. Essa pandemia se reflete em diversas áreas e é nesse exato momento que não se pode esquecer que, apesar de estarmos vivenciando um período de emergência, com as internações sucessivas, há todo um complexo de cuidado que requer atenção.
O Ministério da Saúde em conjunto com a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) lançou uma cartilha sobre Cuidados Paliativos com orientações a profissionais de saúde. Entende-se por Cuidados Paliativos as diversas abordagens transdisciplinares, que envolvem profissionais de saúde, destinados a pacientes com doença graves, ameaçadoras da vida. No caso da Covid-19, a família igualmente precisa ser acolhida uma vez que é duplamente afetada tanto pelo agravamento da condição de saúde do paciente, mas também porque segue com sentimento de medo e angústia de novos casos no núcleo familiar.
Dentre os instrumentos mais utilizados pelos Cuidados Paliativos, a Cartilha cita os que podem vir a ser os mais úteis no momento e envolvem: a) Comunicação adequada com o objetivo de ajudar a humanizar o processo em todas as etapas; b) Avaliação do paciente com objetivo de auxiliar em decisões sobre oportunidade de suporte avançado de vida; c) Métodos eficientes para o controle de sintomas em todas as etapas; d) Atenção a familiares, auxiliando na compreensão do processo de adoecimento, diminuindo o impacto sobre o sofrimento associado à perda de pessoa querida.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), em seu documento intitulado “Integração de cuidados paliativos e alívio de sintomas na resposta a emergências e crises humanitárias” (Integrating palliative care and sympton relief into the response to humanitarian emergencies and crises), cita a definição de que cuidados paliativos se baseiam no alívio do sofrimento humano, neste caso, que envolve a pandemia, o sofrimento abrange não somente o paciente e/ou o familiar, mas também a equipe multidisciplinar, ou seja, os profissionais da saúde.
“Num período como este que vivenciamos, da pandemia do COVID-19, o alívio do sofrimento torna-se ainda mais relevante, pois envolve não somente o aspecto da doença em si, mas também a parte psicológica, a emocional do complexo paciente-família-profissional da saúde”, cita a geriatra Gisele dos Santos, do Valencis Curitiba Hospice.
Na COVID-19, os sintomas característicos são febre, tosse, cansaço, evoluindo posteriormente para dor, reações de estresse agudo, dispneia. De gripe para Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). “Deve-se levar em conta também o isolamento de uma pessoa diagnosticada e que teve seu quadro agravado e, ainda, no caso de óbito, um luto doloroso e complicado para a família”, cita a médica.
Mas, afinal, qual o papel dos cuidados paliativos ante à pandemia? “Diante do sofrimento e da morte, para além das questões em termos de humanização, é preciso saber lidar também com os questionamentos de ordem ética. As equipes de cuidados paliativos são preparadas para as especificidades que a elas são inerentes, que vão desde o alívio de sintomas – para que a pessoa não sofra – até o apoio em decisões sobre o fim da vida, o apoio ao familiar a no luto”, cita Dra. Gisele dos Santos.