Terceira edição da Roda de Conversa do Valencis falou sobre o luto nos tempos atuais Pesquisa do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil com o nome Cartografia da Morte – SINCEP, de 2018, aponta que 75% dos brasileiros consideram a morte um grande tabu, impedindo que uma rede de solidariedade e empatia se …
Terceira edição da Roda de Conversa do Valencis falou sobre o luto nos tempos atuais
Pesquisa do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil com o nome Cartografia da Morte – SINCEP, de 2018, aponta que 75% dos brasileiros consideram a morte um grande tabu, impedindo que uma rede de solidariedade e empatia se crie para acolher quem vive de luto. Para falar sobre esse tabu e expor a atual situação do luto nos tempos atuais, aconteceu na última sexta-feira, dia 3 de julho, a terceira edição da Roda de Conversas do Valencis Curitiba Hospice. Pela primeira vez totalmente on-line, o evento reuniu participantes de várias regiões do Brasil.
Para o psicólogo do Valencis Curitiba Hospice, coordenador e moderador do evento, Ronny Kurashiki, trata-se de um assunto muito importante, sendo necessário trazer às claras para não virar um tabu. É preciso perder o medo de falar sobre o luto. “Durante essa pandemia que estamos vivendo, as pessoas estão passando por despedidas diferentes e nada melhor do que conversar sobre isso e construir um cuidado melhor para as pessoas que estão ao nosso redor. É importante parar para pensar como cuidamos dessas pessoas também.”
A psicóloga e responsável pelo Serviço de Psicologia do Instituto de Oncologia do Paraná – IOP, Renata Gonçalves, abordou o tema “Luto e Oncologia”. Para ela, se pensarmos na morte todos os dias não será saudável psiquicamente falando, mas se manter completamente afastado dessa temática também não é saudável, pois deixamos de entrar em contato com a nossa finitude. “Quando o paciente recebe o diagnóstico oncológico, percebemos que ele se questiona como foi a vida até agora, tenta descobrir e entender o motivo do adoecimento, automaticamente se questiona sobre a vida. Será que precisamos passar por uma doença que ameaça a continuidade da nossa vida para nos questionar sobre a forma que estamos vivendo e o que desejamos para o futuro?”, cita a psicóloga.
Para fechar o evento on-line foi a vez da participação de Gisela Adissi, uma das cofundadoras do projeto “Vamos Falar Sobre o Luto”, portal que destaca as várias abordagens do tema, que discutiu sobre “Lutos e Despedidas em Tempos de Pandemia”. Durante o bate-papo virtual, Gisela falou sobre o luto no contexto da pandemia, ideais para os rituais de despedida, atenção a crianças e adolescentes, a importância de apoiar o enlutado e que todos estamos em luto coletivo, uma vez que tudo o que conhecíamos mudou e, mesmo sem ter perdido alguém, é normal ter um sentimento de perda, como da liberdade, do trabalho, da segurança econômica, dos eventos cancelados, entre outros, e estar sentindo medo, ansiedade e tristeza. O luto não é um processo que deve ser vivido sozinho. “Tenhamos esperança, assim como no luto, sabemos que irá passar. Temos consciência que o mundo virou do avesso de repente, mas assim como no luto, acreditamos que um dia sairemos da tormenta, diferentes do que entramos e inevitavelmente transformados.”